sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Na árvore da minha vida


Trepei pelo tronco da árvore da vida, cada vez mais alto, para os loucos nem o céu é o limite. Ultrapassei as histórias disformes e traiçoeiras do passado, sacudi o pó da verdade que já me fazia alergia na pele. Parei para descansar um só momento... sentei-me num ramo, balancei-o enquanto observava a selva que me envolvia... segui, às costas trazia o que sou, as mãos suadas pelo calor da alma, os pés feridos, os olhos enlagrimados.
Os pássaros esvoaçavam em meu redor, penas de todas as cores, lindos como só eu sei, atrás de si deixavam um pózinho aveludado, tranquilizante.
O meu cabelo esvoaçava com a brisa...
Subi, subi, subi, tinha fome, tinha medo, tinha tudo e não tinha nada, só esta constante e verdadeira subida aos cumes da minha alma, na árvore da minha vida!

sábado, 25 de agosto de 2007

As flores perfumam até as mãos que as esmagam...

Não tens nada na mão.
Apanhas uma flor seca, julgas que tudo pode mudar se apanhares uma flor seca,
Sentes-te morta! Balanças a tua vida. Sentes-te morta.
Apanhas uma flor viva ainda, prestes a secar, prestes a morrer.
Com as tuas mãos esmagas a flor, matas a flor...
Olhas as pétalas quebradas doendo-te em ti cada golpe que lhes dás.
Pousas a tua vida esmagada com o resto de vida que resta da pequena flor,
nas suas pétalas desarrumadas pelo chão.
O chão onde o lixo se amontoa.
Que fazes tu? Nada!
Sentas-te no degrau da escada e escutas o leve passar da noite.
As flores perfumam até as mãos que as esmagam...



sábado, 18 de agosto de 2007

Liberdade


Liberta-me os sentidos presos entre as veias,
liberta-me o sangue que se quebra nas ausências e nas distâncias,
a liberdade dos loucos é a musicalidade dos sentidos,
a liberdade dos sentidos é o despertar dos puros de coração.

Liberdade...

A liberdade dos meus gestos é a imagem do teu rosto,
a liberdade da minha voz é a música do teu olhar,
há liberdade quando o coração desperta na pureza,
ergue-se a fortaleza no reflexo da tua face para lá do meu rosto...

... tanta liberdade e uma só alma para a viver.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Dança de Toques...


Dança de toques em segredos acordados...



Silêncios da alma em olhos abertos...



.... sorrisos derepente como se fosse possível crer no amor.

.... Verdades minhas e tuas que o nosso mundo inteiro partilha com o mundo pequenino ...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Falando só...


Queria eu ser capaz de construir pontes que me ligassem ao céu dos felizes, queria eu ser capaz de destruir as barreiras que me impedem de ir aquém e além e queria eu, sobretudo, ser capaz de partir enquanto fico, capaz de ficar enquanto me parto.
Parte-se-me a alma em cacos pequenos, desses impossíveis já de se colar, alma minha esta simples obra de arte valiosa que partida em cacos nada vale...

Cinzas de um Fogo ainda por Apagar


Porque morremos nós? Não devíamos ter uma vida eterna ou pelo menos algo onde nos encontrem vivos mesmo depois da morte? Eu tenho tanta coisa onde te encontro vivo que nem sei se faz algum sentido falar na tua morte. Estás no quarto que partilhamos, na roupa que compramos juntos, na comida que não comeste, nas paredes desta casa que te espera ainda, uma anunciação de vida mais rápida do que a própria morte que te levou para longe de mim. Estás no rio onde nadaste, nas águas que não voltaram nem pararam e te conduziram ao mar, no sal das lágrimas que me percorrem o rosto, nas conchas que apanhamos depois da nossa primeira noite de amor. Estás até no coração que me bate dentro do peito, descontrolado, desfeito, tresloucado por tanto te amar e não te puder tocar. Estás em tudo o que preciso, em tudo o que me mantém viva, no chão que pisamos enquanto caminhamos rumo a esse futuro tão incerto, demasiado incerto para acreditar nele. Estás-me assim amor, em todos os passos, nos longínquos cansaços que me fazem vacilar, nos sorrisos prematuros, nos carinhos não seguros que ainda carrego para te entregar.
Porque morreste tu? Não sei se deva acreditar sequer na tua morte, ainda vives dentro e fora de mim, ainda o teu corpo se passeia sobre os meus espaços em volta, sobre os meus passos cá dentro, ainda vives, ainda o teu coração bate em cada instante, na brisa do vento que passa, no rosto que vejo nas fotografias espalhadas pela casa, em tudo meu amor, em tudo e em nada e na aragem revoltada que me faz pulsar o sangue.
Quisera eu vencer a tua partida com um sorriso no rosto mas levaste contigo todos os meus sorrisos. Rasgo a raiva, rasgo o sangue, rasgo o coração de ódio, permaneço atada a ti neste tempo em que me encontro. Paro o mundo todo, paro a vida só para te ver bailar entre os meus sonhos, numa presença intensa que te torna eterno. Deixo-me cair sobre este chão que pisaste, deixo-me enrolar no meu próprio corpo que tocaste e deixo-me ficar com as lágrimas nos olhos, deixo-me permanecer perene com o rosto cravado pela dor, com o peito furado pelo sofrimento. Deixo-me…
Porque vivemos?

sábado, 11 de agosto de 2007

Cruz ao Mar



O meu único desejo é ter uma cruz junto ao mar, quero que por ele espalhem as minhas cinzas e lhe façam sentir o meu sabor uma última vez. o mar dos meus sonhos e dos meus pesadelos quem melhor do que ele para me conhecer de cor.

Rumo aos céus...





Não soube ser na terra senão um anjo,
não saberei ser no céu senão um anjo...
O meu lugar não é aqui,
este não é o ar que eu deva respirar,
rumo aos céus, sem limites... eu vou.


Rumo aos céus.

Devo eu morrer ?


Devo eu morrer? Agora aquece-me uma dor subtil que aumenta a cada bater acelerado do meu coração, faço de conta que não é minha, olho em meu redor e depois só esta sombra de medos e o resto que fica por dizer.
Porque o faço? Sangrar não é um dos meus passatempos favoritos. Não entendo. Não consigo entender porque me corto e sangro e choro, fico a ver-me no reflexo do espelho com medo de já me não reconhecer e com a certeza que um dia é isso que vai acontecer, não mais me verei do outro lado...
Devo eu morrer? Agora aquece-me uma ligeira inquietude que tende a aumentar com os soluços, se eu morrer ao menos lembrar-te-ás do sabor dos meus lábios?

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Vais Partir...




Sinto que vais partir, do meu coração, o teu, agora e para sempre porque tu sabes que não me fazes bem e preferes partir a continuar a magoar-me. Assim tem de ser... V ai em paz!

Dentro da alma ainda o teu lugar se mantém aquecido se um dia tiveres vontade de voltar, aconchegar-te a mim e mostrar-me que nem sempre as coisas acontecem como nós queremos e que tu não querias mas teve de ser.

Hei-de entender... Hei-de entender como te dou agora este espaço por on de ires, porque sei que tem de ser. Vai ...


Vai meu amor, vai!

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Adeus Molhado


Apetece-me dizer-te já adeus, assim quando te fores já me não restarão mais palavras interdictas, apetece-me dizer-te que não me apetece simplesmente ver-te e o facto de hoje te teres distanciado provocou em mim uma ligeira, repentina mas perfeita sensação de desconforto.
Tenho pena que as coisas tenham de ser assim, julguei-te capaz de preencher por inteiro os vazios que existem em mim , sinto que não o foste e como eu gostaria de mudar o que sinto mas infelizmente (felizmente, talvez) é a minha única verdade.
Um Adeus Molhado, muitas lágrimas que não foram choradas ainda me molham o coração e me lavam a alma, já deveria ter aprendido a não dar tanta importância a pequenas coisas, como o dia de hoje, mas faz parte de mim ser assim, importa-me o essencial às vezes tão escondido nos gestos, nos carinhos, nos silêncios... nas palavras, quem sabe o essencial não esteja escondido nestas que te escrevo agora.
Apetece-me dizer-te já adeus... digo-te adeus na partida, digo-te adeus na chegada...


Adeus

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Palavras Infelizes


Há dias na vida em que a vontade de ir fala mais alto, revemos tudo o que somos e o que fomos com o desejo de não mais voltarmos a ser, caminhos com os passos acelerados rumo ao não sei onde que nos castiga e nos maltrata... mas que tanto gostamos de visitar. Às vezes é por lá que encontramos a nossa vida na brincadeira com o tempo que não temos ou simplesmente sorrindo por tudo o que deixou de fazer sentido dentro do nosso coração, às vezes encontramo-nos a nós próprios, filhos dos sonhos que sempre abraçamos e embalamos nessas noites de agonia que fazem o coração explodir de dor.
Simplesmente porque hoje é um desses dias, talvez me não encontre ou talvez me encontre e seja capaz de escrever palavras mais felizes, por agora fico-me por estas...

Chegam?


Bastam?


O coração esvaziado quer encher-se de alegria mas as páginas em branco do caderno da solidão assim continuarão, at é ver...

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

A Terra Deles...

Na terra deles o amor é um perfeito idiota, na terra deles já se não fala de sonhos e a podridão do cansaço compromete-se com o mofo das auroras repelentes... Na terra deles o que escutas é a urgência de um sentir abafado pela pobreza dos insensíveis, o que saboreias é o desensabido e tempestuoso repúdio das bem-aventuranças.
Na terra deles... na terra deles o chão está coberto de corpos feridos, mortos de amor, mortos de sentimentos.

A terra deles é o contrário da minha, talvez por isso nunca tenha encontrado a melhor forma de nela viver. Sinto que não pertenço aqui, aqui me não sou na totalidade deste ser desperto, incompreendido, coberto pela súbtil indiferença de quem passa.

A minha terra está coberta de sonhos, de amor; a terra deles está devastada pela hipocrisia e pelo medo. A minha terra rejubila de sentimentos a cada segundo que passa; na terra deles os sentimentos morreram, mataram-nos as mãos da irresponsabilidade e do egocentrismo.

...

"O tango é o pensamento triste que se pode dançar"


Prende-me toda e a cada passo leva-me contigo, num compasso de dois por quatro deixa que as minhas pernas nuas aqueçam a nudez das tuas... puxa-me, prende-me!
Este tango é nosso, dança de pensamentos, já sinto em mim as tristezas remexerem-me o corpo, a noite verga-se pelo luto, tu e eu.
Nesta noite de tantas insónias, só um par apenas, em ritmo binário uma melodia tempestuosa invade-nos a pele, corpos pausados, olhos quebrados e em nosso redor todos de pé... prende-te a rosa que trago no seio, curvas teus olhos em desejo incompreendido, eu quero já, quero uma vertigem de toques desejados mas com desprezo cedo à força até a música findar.
Cobres-me de dor, dor amarga de querer ter-te de mais perto, envolves-me de tanto, preenches-me de ainda mais, vens sobre mim a cada toque súbtil, a cada olhar em fúria, a cada movimento brusco da cabeça que me faz mover o cabelo negro...
Já só somos nós, toda a sala se foi, só somos nós a dançar este tango em cima de uma núvem...

Sereia


Quase poderia ser uma sereia... Adoro o mar, adoro a terra , adoro os homens, adoro o sal das águas no meu cabelo, adoro a beleza, adoro nadar...
quase podia ser sereia mas se tu quiseres posso ser para ti, basta que me olhes de modo diferente... Tu és capaz.

Sereia
Es!
Reparo.
Es!E eu
Incapaz de
Acreditar.

Se eu tiver saudades

Se eu tiver saudades vais-me deixar chorar? Vais deixar que me renda às lágrimas, à falta e à perda? Só por um bocadinho que seja, só quero chorar os teus passos em direcção ao outro lado de mim, depois quero ser capaz de chorar tudo, o resto, o que ficou por chorar destes momentos em que aqui estiveste e eu não pude fazê-lo.

Vai, tens de ir, o sol já se está a esconder por detrás do nosso horizonte, é hoje. Com as malas na mão nem olhas para trás e enquanto tu te distancias eu ando de baloiço e ouço o movimento do carro cada vez mais distante...

domingo, 5 de agosto de 2007

Desembaraço

E sem embaraço magoaste as minhas denúncias com as tuas palavras e com os gestos premeditados e eu acreditei que era possivel fingir que o meu coração acreditaria na verdade que escrevias com o teu olhar....

sábado, 4 de agosto de 2007

Solidão



Ir ou não ir, ir e não voltar , voltar e ficar , não sei... Que decisão tomar?

Silêncio



Hoje só me apetece calar a dor, gritar em segredo,
murmurar e sussurrar as palavras mais sábias que habitam em mim.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Dói-me a Alma


Quero sangrar a alma de uma vez, ela dói tanto, tanto... trespassada por uma dor sem limites vira-se do avesso e contorce-se de sofrimento, eu balanço nos dias encostada a um canto, seguro a face que já não reconheço.

Que é feito de mim?
Que é feito da minha vida?

Apago as velas de um aniversário só, apago as cinzas dos cigarros que ainda aquecem o quarto vazio, apago as tuas pegadas e deixo que me ardam as entranhas, pouco a pouco, bem fundo, sangrando como um animal ferido, sem dono, sem lugar onde ficar, assim sinto morrer devagar o meu pobre coração.

Verdades Cruas...




Posso só ficar assim?
Como se me tivessem arrancado um pedaço do coração?

Matas-me com as tuas palavras... há mentiras que não disse e sentes que eu deveria ter dito.


Nunca soube ser senão verdadeira!

Vozes...


Ouço vozes dentro de mim, à deriva, vão de um lado, chegam de outro, remoem as minhas entranhas, são vozes pequenas, grandes e médias, longas e demoradas, vozes perturbadas outras esclarecidas, anjos ou demónios, verdades ou mentiras... só sei que ouço vozes.
Gritam aos meus ouvidos temores imcompreendidos, gritos, gritos de dor, tristeza, muito sofrimento e o que eu sou é apenas o que me gritam essas vozes em alarido, depois arrancam-me a pele do coração e ardem em mim como vulcões em erupção, queimam o que sou, assustam o que me resta e deixam-se estar numa algazarra tão grande que me sufoca o ser em prelúdio.

Ventos de Solidão



São ventos senhores, são ventos de solidão,
no desengano, nos amores,
à solta no coração.
São ventos fortes e duros,
no corpo e na alma,
sonhos e segredos escuros.
São ventos senhores, são ventos de solidão...

Pesado Fardo


Sinto a dor dos outros a cobrir-me os passos , pesado fardo este de te saber longe de mim, tão longe e frio que não suportas quando abro as minhas portas para o mundo pequenino que me cerca, tenho de medo de me enganar, tenho medo de te perder mas os rostos que se entulham à minha porta não me deixam respirar . Sofro a dor dos outros como se fosse a minha, tanta dor , só a dor e o resto será só o avesso de tudo o que poderia ter sido e não foi.
Há corações gastos pelo pó da ausência e da falta, há mãos que precisam das minhas para segurarem os sonhos que vão caindo, há lágrimas que no meu peito se choram e há tudo assim, tudo, tudo e tanto peso que não sei fechar portas nem janelas deste meu mundo inteiro a esse outro mundo pequenino que me rodeia.