sábado, 26 de janeiro de 2008

Meu amor...

Meu amor é fogo de hoje,
de um passado que não foge, de um futuro que virá,
meu amor é fogo posto,
sobre a face, sobre um rosto,
lágrima que não secará.
Meu amor é mês de agosto,

Meu amor é alvorada,
mágoa quase passada, barco que encalha no cais,
meu amor é madrugada,
um pedacinho de nada,
manhã sempre que te vais.
Meu amor é cigarrada.



quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Cantarei

Cantarei de uma só vez antes que me falte o ar....




Cantarei até que a voz me doa, cantarei uma canção qualquer presa na calçada e evitarei tropeçar no passeio ou cair da escada. Soltarei uns gritos de revolta, uma faceta qualquer cheia de coisas que me revoltam, cancelei as contas bancárias e sorri sem saber porquê, fiz-me à estrada e inventei um assobio novo com a força dos lábios.
Na transversal segredos que se dizem devagar como tontos...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Secretas Faltas




Não sabes a falta que me fazes, quando a chuva cai atrevo-me a recordar-te e há um vazio tão grande no peito que eu respeito e não quero apagar de mim, caio então como uma folha largada ao vento e em desassossego deixo-me esbater contra o muro de secretas faltas que me preenchem.
Quisera eu ter a força de um vulcão em erupção para poder enfrentar tudo e todos, ser como a maré tempestuosa e assustar quem for mais frágil, mas não passo de uma triste pessoa que nem força tem para batalhar pelo que verdadeiramente quer.
Hoje estive contigo, cada vez mais, sempre, esta solidão a arder-me no lugar do coração, esta ausência, esta ausência escura, tão escura como a noite, comos os dias que se seguiram e ainda seguem, ocos, depois de te abandonar, assim sem mais nem menos como se fosse fácil abandonar quem amamos.
São secretas faltas, labirintos de dor onde me perco, enigmas de sofrimento e atrás de mim só estás tu, do meu lado só tu, na minha frente só te vejo a ti, sempre, sem falhar dia nenhum, uma memória perpétua, recordação eterna no meu coração.
É difícil abandonar quem amamos só porque a vida assim o quer, escolher o caminho mais fácil sem batalhar mas, e quando estamos perdidos da vida e de nós mesmos? Quando nos sabemos envenenados pela desilusão, quando nos sabemos mal-tratados pela voz do coração.
Corre-se pelas estradas, pelas ruas sem saída, cai-se e fica-se no chão cheio de feridas, feridas que são secretas faltas escondidas em nós, nas nossas entranhas, cada vez mais fundo que passam despercebidas a quem nos rodeia. Dói, não dói?


... a quem o dizes!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Se por acaso me vires por aí


Se por acaso me vires por aí faz de conta que não me conheces, que nem te lembras das cores que o céu tem nas noites em que não adormeço, que a noite é fria quando eu me levanto para beber um copo de água. Então faz de conta que não me descobres entre a multidão que conheces, fala sozinho e diz que me esqueces quando eu passo em tons de silêncio. Olha para mim mas não me gostes enquanto as gotas te rolam na face, finge que és tu que moras agora bem longe de onde eu vivo. Se por acaso a vontade for tanta que não consigas mais ver-me, tapa a tua face com as mãos e vais ver que o que parece não é; é muito simples querer a partida fácil é não concretizá-la mas nos meus olhos já soa à ventania e ao gelo desta longitude.
Se por acaso me vires por aí inventa uma morte à pressa, se tu chorares não chores por mim chora apenas pelo meu avesso, vais ver então que não sonhamos juntos porque é demorada a espera, quebra a esperança, solta os teus medos, não desesperes por mim. Apaga a fogueira deste sentimento, finge-me longe de ti, então faz parecer que o céu mudo já fala para ti.
São lágrimas que caem em mim mas é melhor assim, para ti, para ti, para ambos, se o sorriso te gemer de dor conta anedotas a ti próprio, depois finge que és actor e não te demores a inventar um novo papel, rói o mundo que era nosso e a esperança que ainda te aquece o corpo.

Sabe apenas que ainda penso em ti apesar de te querer longe de mim.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Para Ti


*foto de Ricardo Tavares


Escrevo num compasso melódico de mim,
vagueio sobre a escuridão dos dias, teimo sempre,
longamente, demoradamente, teimo.
O fim desconcertante está perto,
páro para te ver, respiro para te escrever e continuo,
o segredo é meu, teu e dos deuses que nos acompanham as baladas,
desmanteladas, desorganizadas, pausadas e arrepiadas
como a boa música deve ser.
Para ti não há nada mais que sirva,
nada mais que diga servirá para que te comtemples,
para que entendas que a perda é terrivel companheira,
à minha beira encontrarás o que procuras.
Não te afastes tanto, um dia quererás voltar e não saberás onde estou,
um dia quererás acordar desse pesadelo teu,
um dia quando os teus olhos se abrirem
os meus poderão estar já fechados.