sábado, 30 de junho de 2007

Amor intemporal

Não digas que já é tarde, nada é demasiado tarde nesta vida. Nem o amor! Não me digas que já não o sentes e não me digas que não gostas de te vestir bem, de colocar um pouco de perfume antes de te encontrares comigo. O Amor está nesses pequenos gestos, até nas cartas que não me escreves só porque achas que a tua caligrafia me ia desagradar.

O meu Amor por ti é intemporal e portanto não interessa que me digas hoje que é tarde porque amanhã saberei que é cedo, tu em algum momento da tua vida irás entender que é assim que tem de ser, o amanhã é previsível quando se ama porque já estamos certos de amar.

Pensava ainda agora no que me disseste. É tarde para tudo hoje menos para Amar, é tarde para apertares os cordões direitos e não caíres nas escadas da casa da tua infância, é tarde para pedires desculpa ao teu irmão por lhe teres roubado a caneta vermelha, é tarde para as pequenas coisas do passado. Um dia irei dizer-te que é tarde para me pedires desculpa por tudo o que me disseste mas não irei deixar de te Amar, porque nunca é tarde para o Amor e porque sei que sempre te amarei.

Queria ligar-te agora mas deves andar ocupado a ler essas revistas de automóveis, há tão pouco para ler nelas e mesmo assim gastas-lhe as páginas com o uso que lhes dás. Queria contar-te que estou triste por me teres dito todas aquelas barbaridades, queria convidar-te para um café cá em casa e acabar quem sabe enrolada contigo no chão da sala. Mas não posso! Não posso querer! Tenho de te fazer ver antes que o Amor é mais do que um café e uma noite de sexo, tenho de te fazer ver que nunca é tarde para o Amor.

Não! Não quero ser um mero instrumento sexual! Queres uma mulher em quem mandares? Compra uma boneca insuflável. Cansei de andar de um lado para o outro a fumar maços inteiros de cigarros enquanto tu não atendes o telemóvel. Cansei de esperar por uma mensagem tua até às tantas da madrugada e acordar contigo aos gritos fora da porta porque querias “aliviar-te”.

Não é esta vida que quero para mim, não quero que o meu filho conheça o pai deste jeito. Nem sabes sequer que estou grávida, se soubesses obrigavas-me a tirá-lo ou então davas-me uma grande coça de propósito, acertavas em cheio na barriga e lá se ia a criança que eu sonhei para nós e que tu nunca desejaste para ninguém.

Como o mundo é pequeno e a vida é injusta!

Sabes querido? O Amor é muito mais do que isso que me entregas, muito mais que o prazer momentâneo que me dás, muito mais que o dinheiro que no final do mês depositas na minha conta e que nunca sei de onde vem. O Amor não é isto!

Um dia mostrar-te-ei o verdadeiro Amor e tu serás capaz de o ver sorrir-te no rosto da criança que carrego no meu ventre.




sábado, 23 de junho de 2007

Uma música de lágrimas...

Muse - Unintended.

Add to My Profile | More Videos

Preciso-te (escrito por entre lágrimas)


Preciso do teu jeito sereno de ser,
preciso da tua mão,
preciso do teu coração para bater pelo meu,
preciso de um canto nos teus olhos,
um canto onde sossegar-me.

Preciso do teu amor para aquecer-me,
preciso do teu sorriso,
as vezes do teu riso para alegrar o meu dia,
preciso de um pouco do teu carinho,
só um bocadinho de ti para encontrar-me.

Preciso-te muito mais do que de mim,
os teus passos sempre certos,
os teus gestos sempre ternos onde me deito.
Preciso-te a cada segundo,
um toque que afaste este cheiro a jasmim.

Amo-te tempestuosamente
















Vi-te meu amor, vi-te esta tarde perdido entre as ervas do caminho, gritei para ti mas não me escutaste. Vi-te os cabelos curtos que o vento despenteara, vi-te o casaco de sempre e as mãos nos bolsos guardando todas as lembranças boas que nos restam.
Vi-te amor, vi-te antes da chuva começar a cair...
Depois encostei-me à terra molhada e cantei para ti o meu amor, doce melodia, chorei as saudades, chorei as faltas, enrolada em mim fui-te calada. Percorri com os meus dedos a tua pele, embranqueci a viuvez, fechei os olhos e sorri.


Amo-te!


Cai a chuva em tons de melancolia, com ela chegam as recordações, os teus abraços, as tuas palavras proferidas pela tua boca e mesmo aquelas que só em silêncio me dizias, os teus olhos curvados sobre o meu coração, as tuas mãos sempre quentes acenando ao longe... depois, muito depois dos risos redondos só o teu corpo morto num caixão forrado a preto, a tua pele branca, os teus olhos fechados e as tuas mãos frias, os choros e gritos dos outros, o meu coração parado, as minhas pernas a cairem e a minha boca a gritar o teu nome.


Amo-te!

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Dança de muitas lágrimas sobre a pele...





Ouço a tua pele a cobrir-me de melodias eternas, um só toque e o mun do é meu num roçar de lágrimas.
Queimo o passado com as fotos, espero o presente com as tuas mãos nas minhas.


















Silêncio (dança de lágrimas...)

... lágrimas de amor!



Chuva Diagonal


O céu chora amor, deixa-o chorar, não tenho olhos para ver o céu, os meus dois olhos acastanhados estão presos no castanho dos teus...

Corri para ti na praça coberta de lágrimas, o céu acompanhava a minha corrida chorando também, um reencontro entre tantos outros que ainda virão, se é que nos havemos de reencontrar outra vez. Estavas encostado à velha árvore da praça admirando o chafariz, viste-me e choraste também enquanto te detinhas a desenhar-me as formas com o olhar... pausei antes de chegar a ti para respirar... amei-te ali como te amo agora enquanto escrevo, porque o amor que te tenho é tanto que chega para todos os miseráveis dias que ainda me reserva a vida. Envolveste-me em teus braços enquanto soletravas, "Amo-te sabias?", eu não quis e nem quero falar-te, só queria e quero beijar-te e amar-te sem medo nem receio do que possa acontecer a seguir. Beijei-te a boca sedenta de mim, tremeste todo e antes que me segurasses a face com as mãos, descobriste-me em carícias a pele dos braços e do peito e detiveste-te no pescoço mudo que ansiava pelos teus dedos. Não pude conter os soluços enquanto me amavas como nunca ninguém me amara, só em ti eu vejo a personificação do amor.

A chuva cai na diagonal dos nossos corpos, a roupa encharcada colada à nossa pele, olhos nos olhos, mãos nas mãos, peito no peito, nariz no nariz e uma viragem tamanha dentro de nós.

Antes que te fosses de novo chorei-te ao ouvido meia dúzia de palavras que selaste num beijo, tu choraste comigo, sorriste em mim enquanto no peito o coração te saltava e batia a um ritmo acelerado. O adeus último detivera-nos as palavras, as mãos molhadas sempre entrelaçadas, a vida quebrava os vidros do pecado só para nos fazer felizes, ficaste um pouco e eu fiquei outro tanto, quando se ama assim como nos amamos os minutos lado a lado são tão preciosos!
Tinhas de voltar para a casa dela, jantar com ela, dormir com ela, uma ela a empatar o nosso amor, uma outra a ter de ti o que nunca tive, uma outra que não tem nada ... e tem tudo o que sonhava ter.
Ela pode ficar contigo, ela pode ver-te todos os dias, beijar-te todos os dias, fazer amor contigo todos os dias mas não te pode amar nem metade do que eu te amo, tu não a amas nem um terça parte do que me amas... simplesmente o destino de pregou uma rasteira.

Não quero falar dela, quero falar de nós e da despedida difícil que avisinhava, quero falar-te dos dedos que se desprenderam dos meus, da boca que me beijou uma última vez antes de soletrar "Amar-te-ei sempre!", falar-te do corpo que vi sair da praça a correr, dos olhos que me encheram de lágrimas já na esquina enquanto se cruzaram com os meus uma última vez antes de partires... quero falar-te meu querido, quero falar-te deste amor que me cobre inteira e me mantém viva...

A chuva cai na diagonal do meu corpo, sozinho, tão cheio de amor que o transborda em lágrimas. Quero falar-te de amor e deixar que a chuva entre nos poros da minha pele para me molhar as entranhas tão cheias de ti, tão preenchidas por ti que não sei se a chuva conseguiria arranjar um canto onde permanecer.

domingo, 17 de junho de 2007

Lágrimas que ainda cantam


E se te calares amor, se calares a dor que teima em atormentar-te, se calares os gritos que alma solta em silêncio, se calares as lágrimas que correm pelas paredes da tua alma afogando-a e afogando com ela o teu coração que geme sem ser ouvido... se conseguires amor, se conseguires calar a dor só por um instante e ouvires o cantar das lágrimas que te caiem rosto abaixo e se perdem pelos cantos da tua boca, perceberás a verdadeira beleza de te saberes triste, de te veres chorando... entenderás a verdadeira lágrima e ouvirás os sorrisos que depois a seguem.

A dor não é apenas sinónimo de sofrimento mas também de aprendizagem, escolheste o caminho errado e choras agora, quem não erra? Só tens agora de te levantar daí e seguir em frente, vives o que tens a viver e aprendes a escolher da próxima vez com mais sabedoria o teu caminho.

E eu sei que há lágrimas que ainda cantam mas tu não as escutas porque não te consegues calar, não consegues calar o por vir que se antecipa na tua alma e vives preso aí onde o céu tem um fim e o horizonte tem um limite...

Escuta... lágrimas ainda cantam... é bela esta melodia!

sábado, 16 de junho de 2007

Adormeço-te


Adormeço-te as palavras,
levo-te na palma da mão aquecida pelo sentimento,
guardo-te como o chão me guardará o corpo quando me enterrarem já morta.
Sinto-te.
Como a areia que constrói o meu deserto...
desertos do meu ser.

Adormeço-te as palavras
nunca gastas por se dizerem
e invento-te as formas
numa noite em que as sonho.

Ao meu anjo...


Quando abri os olhos senti-te cair sobre mim nesse abraço fraterno e ternurento que só tu conseguias dar-me, senti-te vir para estares comigo neste momento em que ninguém me encontra... rezei ao teu deus, ao meu deus e ao deus dos outros para que as lágrimas que choro fossem os teus sorrisos nesse céu tão teu que desenhamos com as formas de felicidade e alegria do teu olhar.
Sonhei contigo, saltavas na nossa praia de sonhos, brincavas com os meus pés, adormecias no meu colo, sorrias para mim enquanto me atiravas com a àgua fria do mar. Fazes-me tanta falta...

Choro agora agarrada a esse álbum de fotos, choro agora com um sorriso no rosto, sei que descansas em paz mas sinto tanto a tua falta...
Curvo-me sobre o chão desta sala onde dançamos tantas melodias de vida, enrosco-me em mim, olho-me no azulejo prato e branco que tu escolhes-te.

Meu anjo, voa sobre o céu dos fracos de espírito que me afastam e me deixam ser-me sozinha, voa sobre os pobres de coração que hoje me esquecem e me deixam ser-me sozinha... alcança-os hoje porque não sabem a falta que um dia lhes farei, revela-lhes a vida que me trazes.
Meu anjo, deixa-me adormecer sobre o teu peito, em silêncio, deixa-me tocar-te a pele que conheço melhor do que a mim mesma, deixa-me ser-te... saber-te vir em mim sobre a forma de sorrisos redondos e lágrimas que não posso nomear.

Choro ainda, crava-me no peito a saudade, ouço a tua voz, sinto a tua presença, só eu sei hoje e sempre, só eu sei agora e para sempre a falta que me fazes. Guardo-te como nunca guardarei ninguém, nunca te perderei, nunca em tempo algum deixarei que se apaguem as tuas pegadas no nosso caminho.

A ti meu anjo que te foste antes que a vida nos deixasse ser felizes, a ti que te foste antes que o céu nos iluminasse os passos, a ti dedico toda a minha vida, como prosa escrita a sangue pela alma, como poema declamado pelo melhor dos trovadores, como música, a mais bela melodia algum dia ouvida, como fado rasgado pela saudade que dos meus olhos grita, como verdade pura, nua e crua...

Para ti toda a minha vida em amor...

Dedos... [ainda dançam]


Por entre os teus dedos escorro...
Percorro os caminhos das tuas mãos,
morro-me na palma,
sossego, tranquilamente...
espreguiço-me e adormeço,
esqueço como me dói a alma.
Entre os teus dedos há
um mundo inteiro,
cheio de pesadelos medonhos
que assustam quem chega,
que atormentam quem passa,
um mundo inteiro que se arrasta
neste mundo pequenino que nos rodeia.
Quisera eu ficar entre os teus dedos,
perdida e encontrada nos teus medos,
Pudera eu atormentá-los com os meus sonhos...


Morreu-me um Anjo


... porque hoje sinto as costas decairem perante os pesados fardos que carregam, sinto a alma amarrotar-se e aninhar-se a um canto perdido, um cantinho bem longe... porque hoje perdi as contas ao tempo e a tudo o que não tenho... caio pelo abismo dessa imensidão de sonhos tidos e não realizados!

Apesar de me morrerem na garganta as palavras que quase me sufocam até à morte, essa que muitas vezes leva as almas dos mal amados esses que se tornam anjos e voam por aí... o que escrevo pode não ter sentido mas morreu-me um anjo, morreu-me um anjo e as palavras quase me sufocam até à morte, morreu-me um anjo... o seu olhar detinha o brilho inconfundível do luar, a sua mão sempre quente que conseguia aquecer-me a alma fria, agora congelada... morreu-me um anjo...

... morreu-me um anjo e o chão abre-se, o céu cai sobre mim... pesa-me nas costas este fardo de me sentir inútil e amedrontada perante a força da morte... Já não tenho lágrimas para chorar, já não tenho forças para sorrir, cubro o meu rosto e deixo-me dormir, falham-me as horas, sobra-me a dor, sentado a um canto sofre o amor...

...estejas onde estiveres só quero que saibas que ainda vives em mim...


Para o meu melhor amigo que a Morte levou.



Pintar-te de Negro

E pensei que podia pintar-te... comecei pelos cabelos estranhamente encantadores, perfeitos no seu castanho claro como que dourado pelo sol... fui capaz de os pintar solenes como são, finos, suaves. Depois a tua face magra, calva, coberta de mistérios, os teus olhos negros, dessa negrura que irradia luar à volta como um novo amanhecer a medo do dia, as pestanas fiéis às sobrancelhas igualmente longas, o nariz pequenino, redondinho, a tua boca, páro aqui na tua boca, lábio inferior mais carnudo que o superior, no superior quase se desenha a parte de cima de um coração perfeito, páro e penso, relembro, sabor doce da tua boca, sabor doce indiscritível... perco-me na tua boca , não quero continuar a pintar, dos meus olhos já tristes caem lágrimas de nostalgia. Bela esta recordação de ter-te, tocar-te a face coberta de mistérios, empalidecer com medos e receios negros que carregas ainda e que nunca me foste capaz de contar.
Custa-me hoje o que não foi, o que não me disseste e dói, dói sentir que em ti carregas um sentimento qualquer que não me soubeste transmitir, depois choro assim, choro continuado, demorado, em alarme como uma prece por ti, choro porque sei que ainda hoje te questionas e te duvidas e o teu mundo sem norte continua a ser igual... Quisera eu tirar-te o peso da cruz que carregas, eu sei que a carregas escusas de negar, quisera eu ser capaz de a carregar por ti, pudera eu conseguir ver sequer o que vai dentro de ti. Quando me aproximo afastas-me, quando me afasto chamas-me, quando estou a meio do caminho choras e ris e tornas-te confuso... O que se passa? Sei que já nada resta de nós a não ser uma amizade pura e bela que pretendo manter , só queria entender o que se passa dentro de ti, que preto tão forte é esse, que luto é o teu... O que se passa?
E pensei que podia pintar-te, na minha tela a tua face nítida como se encontra na minha memória, no meu coração, na minha mão todas as cores possíveis e inimagináveis, todas intactas só o preto usei... Porquê tanta negrura? Porquê?

Escutai

Escutai...

Escutai o que vos digo, parai de andar de um lado para o outro...
Parai! Escutai!
Estou a morrer aos poucos, escrevo-vos já com a morte a ruir o mundo no meu interior.
Escutai almas da minha vida, parai de gritar-me aos ouvidos todas essas palavras felizes, a vida não é um mar de rosas, é um mar de espinhos. Parai de me convencer que o céu é azul. Eu bem vejo, vejo tudo com esta negrura que carrego à tanto tempo em mim.
Escutai! Escutai os passos lentos da tristeza a ecoar na minha alma, escutai de uma vez por todas para que não mais restem dúvidas da minha verdade.
Nunca acreditaram em mim, nunca! Julgavam que era frágil (sou-o sim, como as lágrimas que me caem rosto abaixo), julgavam que era sensível (sou-o sim, como as paredes desta vida que caem).
Escutai hoje sementes de vida ainda... é para vós que fá-lo... não me deixeis aqui ajoelhada, com a face curvada e o nariz a tocar a chão, este chão por onde o sangue da minha alma já escorre, escorre e dói, e tudo é um desatino em mim...

Escutai!

Copo Partido


Atiraste o meu coração ao chão,
tal copo frágil, partido...
mil pedaços espalhados,
mil loucuras soltas ao acaso.
Copo partido como o meu coração.
Para ti foi fácil,
pegas-te e atiraste ao chão,
para mim é difícil apanhar caco por caco...
Dói.
Dói sentir o coração partido
tal como arremessado com desprezo.



Lágrima Azul...


Lágrima azul
Haste de um barco de sangue
Boiando sobre um mar de dor
Lágrima transparente
Que vem gemendo de repente
Lágrima, és só lágrima
Cais, dóis, vais
Molhas a minha alma
Depois nem sinal de ti...

Mar de Lágrimas


Um lágrima, duas , três...
Uma dor talvez.

Quebro os risos ao meio,
solto os cabelos à tristeza...
Balanço no desgosto disto.
Volta e meia páro e penso,
sucumbe-me a verdade...
Quebro o mar ao meio
e entristeço a cada bater das ondas,
Vai e vem como a àgua,
Vai e vem esta dor enclausurante
que atrapalha os sentidos.

Quatro lágrimas, cinco, seis...
Um mar delas talvez.

Leva-me...


Escrevo com as lágrimas sangrentas da alma a cobrir-me de amargura este corpo amedrontado, escrevo com as mãos trémulas, coração acelerado, sangue a correr sem norte nas veias, olhos fechados pelo fervor da loucura que me consome... escrevo com a esperança a decair nas beiradas da janela do horizonte...
Lá fora o céu cobre-se de pouco e o meu coração cheio de tanto! Quero dar-me sem limites a um mundo sujo que me tinge as mãos com o negro da aurora, quero dar-me sem barreiras ao mundo que se corrompe em futilidades e fragilidades, em medos e desconfianças, em vaidades e luxúria... quero dar-me porque toda eu sou amor, quero dar-me em amor aos outros para que me tomem entre braços e me sintam por instantes invadir-lhes o espírito de felicidade, uma felicidade sem escrúpulos que desatina e invade assim o pobre coração dos fracos de espírito que nada já fazem nesta vida a não ser cruzar os braços e esperar...
Não! Não quero fechar os olhos esta noite sem que saibam porque choro! Choro porque me magoa olhar da janela, inclinar-me na beirada e já nada ver, este horizonte tão perto que miro cobre-se de sombras e espectros, envolve-se de nada e de medo, preenche-se de vazio e solidão...
Choro porque me sinto mergulhar num estado de paciência e fraqueza... Choro porque me sinto apodrecer por dentro, porque me dói a alma que de pura não aguenta tal futuro sombrio que por aí se avizinha.
Não cruzes os braços, dá-te... dá-te!
Não cruzes os braços, não esperes que os sentimentos te alcancem, procura-os, procura o teu coração, conhece-te, conhece-o... tudo o resto será mais fácil se te conheceres a ti próprio, se conheceres a tua essência... mas não cruzes os braços, pelas ruas há corpos que se amontoam em pedidos e esmolas, pelas ruas há drogas que correm na direcção dos mais fracos, pelas ruas há lágrimas a escorrerem pelo rosto de tantas pessoas inocentes... pelas ruas há quem precise de ti...
Escrevo e dou-me porque por amor tudo vale a pena... toma-me entre braços, leva-me em ti...

Uma dança entre muitas...

Damien Rice

Add to My Profile | More Videos

Hei-de escrever!


Hei-de escrever até que se sequem as lágrimas ou até que se seque o sangue que me corre dentro das veias, hei-de escrever o amor que me transborda o coração e que ninguém quer acolher dentro do seu, hei-de escrever até me cansar a mão direita mas mesmo assim continuarei a escrever com a esquerda… e hei-de saltar e hei-de sorrir ao escrever, hei-de chorar e tremer, hei-de viver, reviver, inventar, reinventar… hei-de ser!
Hei-de escrever, por muito que digas que não, hei-de escrever os sonhos que foram em vão e as verdades que despiste com a mão da certeza incalculável que agora nem tu sabes se estava certa… hei-de escrever enquanto choro de desilusão por me teres apresentado o oceano e só me teres dado uma gota…

Hei-de escrever…

Sabe-me a boca a lágrimas...


Sabe-me a boca a lágrimas...

Quando na boca o salgado das lágrimas se acumula, mesmo não chorando sabe-me a boca a lágrimas. Sobe-me no peito a dor e as palavras que não digo acumulam-se na garganta.
O grito que não dou reprime-se no coração dormente que calado se deixa encruzilhar pela inquietude...

Nem sonhos já, nem pensamentos, só esta constante sensação de vazio, só este sabor a lágrimas na minha boca, só este inteiro pouco que me sabe a tanto...

Sabe-me a boca a lágrimas...

Onde estás?


Onde estás oh sono que me não vens buscar, envolver-me nos teus braços, pegar ao colo os meus cansaços e embalar-me.
Preciso de dormir, preciso de gritar antes de dormir, gritar este querer, este poder que vem da alma e se sucumbe em palavras que o coração pleno grita no silêncio de mais uma noite. O céu está escuro, o manto negro da noite envolveu tudo em meu redor, só eu continuo aqui sentada, eu e a minha alma, triste devaneios loucos escritos em relance na pressa de um fervilhar de dedos.

Ondes estás oh sono? Anda buscar-me! Já me cansei de ilusões e de multidões, sabes o que quero, sabes quem eu quero, leva-me para que possa sonhar, querer é poder e sonhar é mais que poder, é realizar... ser feliz vivendo como se fosse real o que na realidade nem eu estou certa existir.
Mas é bom adormecer tranquila com esta sensação gostosa a encher-me o peito de ar, com esta serenidade que me permite respirar calmamente... sentimento profundo, verdadeiro!

Um bem-querer, um mal poder, mas um sonho será sempre uma felicidade...

Quebrar


Hoje decidi quebrar ao meio as barreiras que me impedem de te alcançar, com elas quebrei todas as palavras que não disse e mesmo as que disse, mesmo aquelas que apodreceram no ar que não respiraste com medo de te contaminares por este sentimento febril que carrego no peito e que me faz, cada vez mais, transpirar de saudade de ti.
Quebrei tudo, até o mundo eu quebrei, para que fosse possível um momento só, um instante apenas, envolver-te com os braços da distância, quebrar também a ausência e ter-te assim de tão perto que se confundisse em nós o respirar.

Estiquei o braço para fora do lençol branco tingído pelo sangue da alma, puxei ao peito a tua fotografia, olhei-a, quebrei-a depois contra as paredes de uma verdade inventada, descontrolada rasguei os pés nos cacos de vidro que cobriam o chão, quebrei a vida ao meio, quebrei-me toda com ela e antes que a tua foto se molhasse com o sangue que já quebrava tudo, deixei que nos quebrassemos os dois juntos...