terça-feira, 31 de julho de 2007

Não sei ser poeta

Quando escrevo poesia não me dou,
Faltam-me as palavras interdictas,
Faltam-me as rimas esquesitas,
Falta tudo, falta tudo o que sou,

Não sei ser poeta, não sei...
nem agora nem nunca hei-de saber,
tenho o que digo e o que fica por dizer,
tenho o que dou e o que já dei.

Não sei como se faz para ser poeta
nem tão pouco sei o que falta ou resta
para ter esse dom dentro de mim.

Mas sei que só ser eu assim me basta,
é a escrita, é a escrita que me arrasta
para longe deste antecipado fim.




(tentativa de soneto ... por entre lágrimas)

Vens? Sem dizer nada a ninguém...



Se vieres comigo prometo-te um mar de segredos que havemos de desvendar,
se eu sou o enigma tu és a decifração,
se eu sou o problema tu és a solução,
se tu vieres comigo eu serei verdadeiramente eu,
se não vieres tudo será tão incrivelmente vago.
Vens?

(A)Mar



(A) Mar que os meus olhos banhas este amar assim tão intensamente
que as ondas da distância não chegam para todo o sentimento...






Nós somos tão diferentes e tão iguais, as tuas mãos que não toquei são a única coisa que falta, o teu coração que já bate ao som do meu já não faz diferenças, já não existem diferenças só este mar que nos separa, tanta água e ao longe, não é miragem, é um porto seguro, do teu horizonte tu vês os meus braços, do meu horizonte eu vejo os teus e como tudo seria mais fácil se esta água se fosse e pudessemos correr de encontro um ao outro e amar-nos de verdade.
Nós somos tudo o que queremos e sonhamos, como a água que observamos clara e nítida, num vai e vem de emoções não precipitadas, num ir e vir de desejos e de toques que sinto, sinto em mim como se fosse a tua pele a tocar a minha e não a àgua a fazer-me cócegas, como carícias.


Nós somos o toque para lá das águas, a voz que em segredo se revela pura como toda esta transparência na água, somos tudo em tão pouco tempo que é certo desconfiar e não querer criar ilusões. Mas nunca haverá uma ilusão porque a verdade é para ser dita, não importa de que forma, pode ser através da voz, do gesto, de tudo o que nos enche por dentro de vida, tu enches-me de vida não importa como, talvez a nossa verdade seja uma realidade estranha ou talvez seja apenas a verdade que nos escolheu e se assim for não existirá nunca ilusão porque a transparência faz sempre toda a diferença...

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Cheira a Mar aqui...



Cheira a mar aqui, cheira ao sal das lágrimas
e eu sentada permaneço ousando o impossível
que é acreditar-te vivo sempre em mim...
sempre.









Uma dança de lágrimas a caminho do céu?!


Porque tu és o meu melhor amigo, quando o meu melhor amigo morreu julguei que não poderia encontrar ninguém capaz de fazer por mim nem metade do que ele fazia. Quando tu chegaste eu soube que mesmo que os pesadelos me quebrassem o sorriso tu estarias sempre aí para partilhares os teus bons sonhos e me fazeres sorrir. Soube que mesmo quando a solidão dava cabo de mim, tu estarias sempre aí para me encher de abraços e me mostrar que nunca estaria sozinha.
Choro porque sei hoje que sofres, eu também sofro e tudo isto era desnecessário porque tu és incrível e contigo consigo dançar a dois palmos do chão... a caminho do céu.
Não me abandones, não agora, não amanhã, não nunca, porque preciso de ti para viver, preciso de te ligar e contar as aventuras, preciso de te ouvir incentivar-me e preciso sobretudo de ir contigo ao cinema, comer pipocas, contar anedotas, preciso da tua companhia até quando vou ao maldito hospital, só porque me acalmas e sorris e te enches de sinceridade e me enches de felicidade.
Já sinto a tua falta antes mesmo de te ires, sinto que te queres ir mas também sinto que ambos precisamos que fiques, apetece-me chorar, deixas-me? E se amanhã não estiveres aqui deixa-me dizer-te hoje que gosto de ti, és muito especial para mim e não quero que te vás como se nada fosse ou tivesse sido.


Enche o teu peito de ar, escuta a minha voz nesta exclamação... se eu morrer, quando eu morrer, pode ser já, pode ser logo, pode ser amanhã, quero que dances comigo, uma dança de lágrimas a caminho do céu, como só tu és capaz.




Adeus, até qualquer dia....

Já respirei o ar a mais , já sacudi as esperanças a mais, já não sou capaz de inventar dois passos só para te alcançar, apetece-me partir, chorar ao partir mas ir... Desculpa.



Viro as costas ao que sinto porque sei que não chega para ser partilhado, viro as costas ao que recebo porque sei que me sobra, não sou capaz de amar, não sei amar... viro as costas a uma dança com os olhos cobertos de lágrimas.
Despedida difícil esta que me tira o ar do corpo e me liberta já em saudade e lágrimas. Tenho de ir entendes? Só porque o que te dou não chega para me sentir realizada e porque me apetecia estar contigo mil vezes e não posso, ao contrário do que possam dizer, no amor há condicionantes.
Nem sei se é amor! Não me sinto só capaz de estar contigo, ser contigo enquanto os espaços do meu corpo se enchem de dúvidas.
Deixa-me ficar amarrada a este tempo incrédulo, como eu gostava de sentir muito mais, só porque tu mereces, és único, como eu gostava de te dar muito mais só porque tenho a certeza que és das mais belas pessoas que conheço. Mas tenho de ir antes que o engano estrague a nossa bela amizade.

Adeus, até qualquer dia...

domingo, 29 de julho de 2007

Vamos dançar?


Neste mar azul que agita o coração e confunde nas veias o sangue, neste rumo sem saber por onde ir e onde ficar, neste jeito modesto, tão simples, tão igual a si mesmo, um só gesto...
Toma-me para dançar entre as lágrimas que me sufocam quase até à morte, dás-me a mão num só acto eterno e preciso... prendes-me a ti, pele na pele, boca na boca, mãos dadas sobre o céu azul que agita o coração e confunde nas veias o sangue, um novo sentimento a despontar.

Vamos dançar?

Sombras


Entre as sombras na rua o teu rosto passeia nesse teu corpo,
sombras sobre sombras,
letras não escritas
para que o pecado seja maior são palavras interdictas.

Sob o olhar da lua caminha o meu desejo de ver-te,
sombras sobre sombras,
um rosto escondido
no meio do escuro o meu corpo despido, esquecido.

A um passo das mãos que não demos na rua que nunca percorri,
sombras sobre sombras,
letras, palavras e um rosto,
um rosto que nunca vi mas que já gosto.

Segredo (revelado entre lágrimas)


Segredos Revelados em Palavras Pronunciadas e Silêncios Calados...


Poderei eu apaixonar-me pela tua voz? Construir castelos de carinhos com a melodia da tua voz e ser capaz de desbravar os montes da distância só para te tocar, um toque final no início de tudo, serei eu capaz?
Depois páro só para ouvir o teu coração bater, como se gosta assim? Um coração acelerado à distância vale mais do que tudo quando se gosta assim. Como se gosta assim?
Estou inquieta, quero saber se o amor na voz não se confunde, se é apenas como a aragem leve que passa por nós e nos despenteia ou se fica no coração e na alma para sempre. Estou a estranhar gostar-te tanto assim por entre lágrimas e dançar contigo no limiar. Basta um salto, uma pirueta , um passo, simples e humilde, mas quando ultrapassarmos o limiar quero que me leves ao colo pelo teu próprio pé.
O resto? Deixa correr o tempo como correm as minhas lágrimas para ti e no despontar de meia dúzia de sorrisos verdadeiros deixa que esta estranha loucura fique. Não fujas...

sábado, 28 de julho de 2007

Anjo da Guarda


"... mas sou o teu anjo da Guarda!"

Anjo da Guarda, minha companhia, guarda o meu corpo de noite e de dia...

Debaixo das tuas asas deixa-me chorar à vontade, acompanha-me numa dança de lágrimas escondida dos rostos curiosos, do mundo pequenino que não cabe no meu mundo inteiro.

Sim?

Palavras Não Pronunciadas


Um olhar de longe,
um sentir demorado
a um canto ferido esperava o coração magoado.
Uma carícia ferida,
um profundo silêncio,
calado o desejo pausado de ter a tua voz para o resto da vida.

Um silêncio antecipado,
palavras que não dissemos
e à distância de um sorriso envergonhado,
um gesto perturbado pela boca silenciada.

Um olhar de longe,
o teu que não foge com o mau tempo,
um perfume no ar a vaguear os silêncios prematuros,
uma união de mundos num simples momento.

Voz


Foi a tua voz, foi o timbre fantasioso da tua voz e todo aquele tango que dançamos com as palavras interdictas, depois foi a chama que se acendeu devagar sobre a vela e foram momentos que despimos palavra após palavra, silêncio após silêncio, foi a praia dos receios e dos gostos repetidos desnuda, foi o tempo pouco de nos ouvirmos para o tanto que sentimos. Foi a tua voz, o silêncio repetido e a falta que me fez quando o sol nasceu e o desejo pertinente e inquietante de te ligar, acordar-te, só para ouvir-te. Fosse o que fosse que dissesses haveriam de existir mil e um sinónimos para as tuas palavras e as sílabas seriam pau-sa-da-men-te soletradas pela tua boca, perfeita sinfonia, perfeito timbre que inundou o meu peito de um ar respirável...
Foi a tua voz a gritar-me um sentimento renovado enquanto o coração se afastava com receio, foi tudo isto em um momento que me fez voltar a sentir-me vida, a tua voz na minha pele faz milagres.
Foi a tua Voz a soar cada vez mais alto e a sobrepor-se ao silêncio que pernoitava no meu colo.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Despedida (uma palavra?)



Não há despedidas,
não há sorrisos que cheguem para acalmar a tristeza
e estas lágrimas que restam são semelhantes à dor de uma perda.
Gasta-se tudo numa despedida,
até as lágrimas às vezes se gastam e o que resta é o sofrimento
que em forma de vazio queima no coração
e depois o último aceno que se vê repetidamente,
o último adeus,
a derradeira e última despedida, múltipla,
que sempre há-de viver dentro da gente
como uma má recordação que dura sempre...

Em Queda Livre

Eu tentei esvaziar o sangue que me circula nas veias, tentei abrir buracos tão profundos que nem o céu fosse o limite nem a terra fosse o ponto de partida. Os tambores já batiam fortes anunciando a boa-nova, os sinos tocavam as notas de um suicídio premeditado e nunca quebradiço. Tu esperavas deliciado que ao som do pecado o meu corpo caísse e num canto, vagaroso como só tu sabes, assobiaste a derrota antes de me deixares pestanejar e viste os meus olhos pararem e os meus joelhos baterem velozmente contra o chão, depois esperaste mais um pouco e sentiste na boca o sabor doce da vitória enquanto eu já me gastava na frieza desse chão e do corpo nu de esperança.
Uma morte assim pausada, caindo devagar com o amanhecer, a morte assim sonhada, premeditada na tua cabeça. Tudo estava a correr como tu querias, eu jamais me ergueria e tu jamais sairias desse canto tão longínquo que te encolhia nos rebordos da minha alma redonda.
Lembrança...

Como Morta


Quiseram os homens tornar a terra um céu azul claro onde voar, quiseram desenhar-lhe os contornos com as penas a sacudir as lágrimas mas não lhes restava imaginação suficiente, tinham já morto toda a imaginação em críticas, ódios e crendices absurdas. Nem a Nossa Terra do Nunca conseguiam imaginar, nem um mundo florido, nem um corpo para abraçar, uma boca para beijar, uma razão de vida.
Quiseram os homens tornar a terra um mundo de sonhos não contidos mas já não lhes sobravam sonhos, só os tidos, só lhes restava esta contínua e permanente derrota de não terem nada onde se agarrarem.
Quiseram os homens eternizar a Terra mas já a tinham morto pelo silêncio...

Os versos que não escrevi


Decidi-me a escrever-te uns versos, não por um motivo especial mas porque as palavras nunca se esgotam nas minhas mãos e a minha alma nem sempre controla a emoção ao ponto de não tas revelar como fotografias de espressão triste.
Os versos que te escrevo quisera eu que em jubilo cantassem ao teu ouvido as mais belas melodias e que no teu peito pernoitassem as palavras nunca antes proferidas, antes da manhã se curvar sobre o teu rosto um poema deixa que te escreva ainda mas não sei ser poeta e detenho-me nos versos calados que um dia te escreverei.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Por favor...










Ouve lá já me não encontro quando me procuro só em ti me acho, tu és-me mais do que eu própria me sou e agora que preciso de mim importaste de me dar um bocadinho?



Por favor...

Teorema da Solidão


E quanto mais só estou mais só me pareço e cravam-se no peito os espinhos da solidão. Quanto mais só caminho mais vazia é a caminhada pelas entre-linhas de uns versos bonitos que não soube escrever. E vou assim com o coração mais só que a vida já gasta que tenho tido, dentro de mim dançam as lágrimas na alma, um, dois, três, um passo de cada vez, uma verdade soalheira.
Já só me encontro com a solidão profunda, não dou um passo sem a ver à minha frente e depois cheia de solidão me caio e me rendo aos pés dela .
Teorema da Solidão com o vazio e o esgotamento aliados, cá dentro do coração a morte anunciada que se principia com as chuvas do Verão, cá dentro, tão dentro que nem consigo encontrar motivo para me ser sem ser só.

terça-feira, 24 de julho de 2007

[ ]



SILÊNCIO

Caiu



Caiu, caiu sobre a tua campa como se sofresses tanto ou mais do que eu, depois despiu-se de tudo e deixou-se caído para assim permanecer. Ficou, gastou as penas sobre a pedra furiosa e fria e deixou-se ficar então enquanto o manto da noite me invadia, eu de joelhos à sua frente, com os olhos cobertos de lágrimas, fingi que conseguia suportar o peso da dor que também me abraçava e perdi as raízes que me mantinham de pé, perdi tudo... ali.
Caí também enquanto não soube alertar as minhas veias para o veneno que as consumia e fui-me dor com os dias, sempre. Fui-me dor com o que não mais pude ter. Tu... Ele Caído e eu caída, tudo caiu por ti.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Lágrimas Negras





Um grito desfocado da alma,
um sussurro inválido debaixo de pena de morte,
um silêncio encontrado e perfurado pelo suor no eco inaugural do coração.




Azrael




Anjo da Morte ou "aquele que Deus ajuda"...

Oh Azrael quantas das minhas lágrimas
não afogaram já as penas das tuas asas,
quanto do meu pesar não enrugou o teu coração sombrio,
quanta dor...
quanto sofrimento...
quanto choro não ouviste tu às alturas da minha solidão.
...



Quanta morte já me sussurra aos ouvidos cântigos de despedida,
Azrael...
... quanta morte!

Escuto



A voz acelerada, pausada, momentânea, a ecoar no vazio negro que me envolve e só me resta este cheiro a rosas no ar, esta última elevação antes do sepúlcro...
Tens algo para me dizer ainda antes de me ir? Então diz agora enquanto este voo compassado não me leva para demasiado longe, tão longe que a tua voz não me siga e os meus ouvidos não lhe ouçam o timbre...

Diz-me... escuto!

Cala-te



Cala-te! Por favor cala-te!

Batem à porta, um toc toc de suicídio como se fosse um corpo a cair no mar, rasgam-se as cortinas à volta e já nem se ouve o ar, respira-se a morte por dentro e por fora num manso pesar...

Cala-te! Por favor cala-te!

As melodias que ecoam são a morte anunciada nas mãos despidas, na espinha dorsal o suor frio de me saber viva, só mais um pouco e não se respira vida como se a morte fosse já o meu lugar, neste mundo encantado que me faz chorar...

Cala-te!Por favor cala-te!

Paragem


A próxima paragem são os teus olhos que me cegam e me curvam à tua passagem, depois pára o meu coração de bater por segundos e ainda sinto nas veias o sangue a ferver. Lágrimas que me cobrem o rosto neste mês em que a chuva já parou de cair, desespero nos olhos que se afastam mas que o meu corpo quer perto, mais perto que a pele na pele, que o mundo pequenino onde me perdi....
A próxima paragem é o teu peito para que me chores como eu me choro quando a noite cai e não consigo dormir e depois fico só a aquecer-me com as tuas faltas e a cobrir-me de múrmurios. Lágrimas que se acendem em mim e me enchem de silêncio...

Pára... pára... uma paragem num lugar de passagem que habita em mim.

sábado, 21 de julho de 2007

Dança de Lágrimas

Desespero



Acumulam-se as ausências e as faltas a um canto... pena de mim por ser assim ou estar assim ou então pena por me deixar ficar assim. Porquê?
Acumulo caminhos que não sigo e perco-me toda em ir e vir por estes bosques de mim que não sei de cor, cravo o peito de dores e sofrimentos e depois curvo-me e enrolo-me em mim só para me sentir uma vez que seja, sentir-me um pedaço viva mesmo que a vida não faça mais sentido.
Bater-me na pele e sentir-me gelada, morta. Bater-me e espancar-me e morrer abraçada ao nada que me resta.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Espera entre lágrimas....



Que espera me despera e me angustia...


espera entre lágrimas...

Caminho de Lágrimas


É árduo o caminho que percorro, tão árduo e demorado que o horizonte é um ultraje perante a minha força de ir. Vou, devagar, depressa ou assim assim. Esqueço os meus braços no local da partida e quando olho para trás não os consigo alcançar, esqueço o meu beijo a meio caminho, esqueço a face amedrontada e o rosto molhado, depois controlo o ar que me bate contra o cabelo e o sacode em direcção ao ontem num presente que se antecipa longínquo.
Caminho de lágrimas com marcas de revolta e desespero, as pedras da calçada já despidas num aceno quase perfeito, tão desvantajoso como endiabrado, só faltas tu a tecer as palavras que nunca me dizes... só restam os silêncios plenos a arrastarem as sombras ao meu lado.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Fragilidades




Posso contar-te um segredo se quiseres...
Queres?
Tenho a alma ferida, estava tão cheia que rebentou e agora
não sei que fazer...
Quero chorar... deixas-me?
Quero isolar-me, ficar-me só, deixas-me?


Rios de fragilidades,
água que me corre com o sangue sangue nas veias,
sou frágil como uma gota,
frágil como uma lágrima...



... Eu...



Sangrando


Já viste como me sangram os olhos fartos de lágrimas? Porque só me escutas quando apareço quebrada, ardendo por dentro prestes a explodir? Porque só me escutas quando a alma sangra? Era mais fácil se me olhasses o pátio das recordações atoleimadas e esquecesses a rua que te dei, era mais fácil se enxugasses as lágrimas que choras e parasses de me dizer adeus, era mais fácil, tudo era mais fácil se o aqui e o agora não fossem tão repentinos e efémeros. Andas ocupado a vigiar-me a dor, tão ocupado que nem vês o horror que me vai cá dentro e perturbas os teus dias com a sombra do meu futuro gasto que não tem uma passadeira vermelha por onde passares. Ninguém te vai aplaudir enquanto o sangue me escorrer da alma, ninguém se vai orgulhar do que tu fizeste porque tu não fizeste absolutamente nada. Ficaste apenas a olhar-me de longe com os olhos cobertos de lágrimas, deixaste que eu morresse aos poucos nos gestos que não me entregaste, nos abraços e nos beijos que ficaram por dar...

Um último cigarro


Acendo um último cigarro de mansinho, acendo um último e fumo-o pausadamente como se esperasse que a dor que me cai dos olhos não balançasse tanto como a legítima defesa. Choro tanto e falo tão pouco, deixo que os silêncios antecedam as palavras e que os mistérios dos enigmas de olhares e toques enfrentem a cobardia dos mal intencionado e refinados, premeditados, gestos. Choro tudo o resto como se fosse pouco e é tanto que me cobre a alma de lágrimas e nem nas passas que dou no último cigarro sinto o sabor doce da vitória, só o amargo fel da derrota antecipada e um gemido silencioso que ecoa sobre os espaços em volta.
Choro... Fumo o sofrimento devagar enquanto a dor me come por dentro, espero a inglória morte e a sarcástica saudade já me ocupa os sentidos e os arredores dos mesmos.

...

Desculpa


Desculpa, não estou bem, a minha vida anda sempre aos tombos, perco tudo até a vontade de viver...

Desculpa por não aguentar mais! Desculpa se não sou tão forte como gostavas que eu fosse mas já não aguento mais!

Desculpa se cometi algum erro ortográfico, escrevo-te a chorar, tanto que as lágrimas já se misturam com as letras.




DESCULPA...

Não aguento mais!


Como um cão vadio e ferido, esperando na berma da estrada, passando despercebido, aqui estou eu enroscado de tal forma em mim que o amanhã nem tem medida nem chão, o hoje é só esta vontade de ficar aqui, este não aguentar mais, o destino cruel e doentio, o arrepio e o medo de saber que preciso de ajuda mas que não me apetece pedir...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Oração



Bendita sejas lágrima que cais
e alivias assim todos os meus ais
todas as dores incontidas ou perdidas.
Bendita sejais.
Bendita sejas lágrima que te vais
e nos meus olhos sempre pronta estás
a percorre-me o caminho da face.
Bendita sejais.

Lágrimas no meu funeral....



Chorem, comecem já a chorar, em breve o meu corpo morto cairá no vosso chão pintado de prata, chorem tudo já, de mansinho e deixem que a tristeza da perda vos envolva antecipadamente.

Hoje quero morrer,
matar-me de tristeza,
e sofrer, e doer, e gemer,
no silêncio, no grito inaugurado,
no castanho dos olhos já chorado,
na vergonha de me ver morta já.
Hoje quero morrer,
matar-me de dor,
e correr, e perder, e sofrer,
no campo humedecido,
no beijo entontecido,
na podridão do dia não esquecido,
na loucura de uma morte antecipada.


Chorem.
Amanhã distribuirão abraços e beijos de compaixão pela minha família coberta de perda, esquecerão as mágoas do passado e virão de luto ao meu funeral, não comprarão flores porque sabem que só quero uma rosa branca, uma única rosa branca... fingidos! Chorem hoje já! Fingidos...

Caimbra do Sentir


E de repente vejo-me enrolada, toda enroscada no sentir bordado de seda, contraiu-se todo em amor cobiçado e quebrou-se tudo , gastou-se a água salgada das lágrimas e os gritos sufocados.
E dói-me tanto que nem sinto nada, dói mais partir-me aos poucos nas encruzilhadas e gemer baixinho fingindo que me dói um pouco.


O sentir incomoda tanto ou mais do que o amor já perdido, enlatado junto com os outros sentimentos impuros que moram no lugar do meu coração, e agarro-me ao que tenho como se não fosse nada, beijando o vazio que se revela enclausurado e grito o que me alicerça como um veneno que rompe e rasga as veias do meu corpo.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Cravo-me de Amor



Cravo-me de amor em penas que caem como plumas sobre o quarto vazio de ti, depois comparo o rosto que tenho ao que tive quando ainda o percorria em ti e ligeiro-me a sentir este desejo graúdo de ainda puder tocar-te.
Cravo o meu corpo com as tuas palavras e com os teus silêncios e cravo-me ainda com que não me fizeste na perpétua vontade de o desfazer, de desfazer tudo assim em pedaços miúdos que nem o meu amor enorme conseguisse recompor. Cravo-me de amor ainda, despida de ti com o teu perfume a passear no espaço, depois ainda há o cheiro da tua boca a rondar a minha num eco do beijo inglório que restou.
Cravo-me de solidão com o peito arrebatado pela incompreensão ténue e mansa que me atrapalha o sentir violado.

Morte Presumida


Fecho os olhos e deixo-me escorregar com a saliva que cai da boca em direcção a esse abismo de sofrimento que tão bem conheço, deixo-me ficar com o corpo nu feito pedra fria e deixo-me enfraquecer como uma rocha e ficar cinzenta como o cimento e depois deixo que a minha nudez se camufle e que ninguém me reconheça.
Abro os olhos e vejo a minha dor cobrir-me com os seus braços longos, a tristeza olhar-me nos olhos, o sofrimento a beijar-me a boca já gelada pela rocha. Fecho de novo os olhos para sentir o beijo enfraquecer-me, apodrecer-me os ossos, parar o sangue que me corre pelas veias, rebentar-me o coração que bate sozinho no peito.

Lágrimas que balançam


E antes que me arrepie com o teu sonoro "Não!", deixa que te diga que os meus olhos castanhos molhados estão cobertos por ti... E as lágrimas balançam com força sobre a minha alma e não esta nada a não ser esta constante e incessante vontade de chorar, de verter as lágrimas sempre que posso, de sucumbir à dor e respirar devagar para chorar depressa... e depois esta vontade de morrer de tristeza e sentir as lágrimas cubrirem-me o rosto e a vida à minha volta com tal destreza que ninguém dá por elas, nem eu.
Lágrimas que balançam na face envergonhada, na cabeça curvada pelas mãos da dor, no peito desfeito e na alma tão calma, tão serena que jaz como morta no lugar do sangue que me deveria correr pelas veias.

Dá-me a tua mão ...



Escorrem lágrimas nas minhas mãos, muitas, perfeitas, solenes, palmilham os caminhos do meu corpo e quando as limpo ficam-me nas mãos e eu deixo-me chorar mais ainda enquanto as observo ...
Dá-me a tua mão e deixa-me manchá-la com as minhas lágrimas... dás-me a tua mão?

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Cry.... let me cry...




Doem-me as lágrimas...


Doem-me as lágrimas e a vontade de as dizer,
dói-me o teu segredo e o grito que quis escrever,
dói-me tudo,
dói-me o mundo,
dóem-me as palavras ainda por dizer.
Porque hoje me dói o mundo inteiro,
cai sobre o meu rosto em lágrimas de dor.

Lágrimas...



Apetece-me chorar com o coração despedaçado a quebrar o medo de falar, apetece-me ficar em silêncio e quem sabe percorrer os teus medos num arrepio que te faça ver que é de ti que gosto. E gosto de ti não porque queira mas por é assim que tem de ser, foi a ti que o coração descontrolado quis, foi em ti que a minha vida viu outra razão de ser, a única e verdadeira razão de ser em amor.
Apetece-me chorar, partir tudo, partir o mundo se preciso for, só cum grito desbravar os oceanos da dor para te oferecer os meus braços manchados de sangue, cortar-me depois mais e mais e mais e sentir em mim a vida a esconder-se por detrás dos pulmões já com pouco ar puro.
Apetece-me chorar. Deixas-me?

domingo, 15 de julho de 2007

Olhos Castanhos Molhados



Não te peço muito mais do que isto,
quero que venhas chorar comigo, encosta-te a mim,
abraça-me o corpo quieto pelo sofrer, para o sangue em alvoroso,
depois beija-me o cabelo e a testa e a boca, envolve-me em teus braços
e chora comigo todas as lágrimas que se entalam e acumulam nos meus olhos.

Os meus olhos já são de um castanho molhado, tempestuoso...

Basta uma Lágrima


E choro calada, talvez porque o meu riso afogado de alegria premeditada me encha o peito de ar estragado, depois fecho os olhos só para sentir que o ar que respiro vale a pena e deixo de ser o que sou para passar a ser eu e mergulho nesse mar de lágrimas. Não sei nadar... Não aqui, sem pé, sem espaço onde repousar o corpo já gasto pelo pó do caminho que percorro.
Basta uma lágrimas, mesmo que pareça gasta, basta uma lágrima vertida para esvaziar a alma e a vida e mesmo que parece impossível, uma lágrima esconde o nosso mundo inteiro de dor deste mundo pequenino que habitamos mesmo não querendo.
Basta uma lágrima para que me não afogue neste mar sem horizonte...

Desespero (lágrimas a dançar na alma)


Esta vontade de gritar que me sufoca e me desatina, esta vontade de esconder a dor para lá dos poros da pele, de me cortar e ver o sangue a correr sobre este chão que não conheço e depois despir o corpo do negro dos dias e cobrir-me de vazio e desespero e desejo de morte.

Se conseguisses ouvir-me este silêncio descomunal, esta espera ancestral a talhar-me de loucura e depois esta vontade de descer ao abismo ou subir no desânimo e morar por lá, morder os dedos até desenhar com o sangue a tua imagem... são doses a mais de sofrimento, são doses a mais de dores.

sábado, 14 de julho de 2007

Baile de Lágrimas


Só umas gotas...
só uns sabores de mil cores a cobrirem-me toda, o sal a escorrer na minha face, a boca em silêncio perdidas nas palavras que não se dizem...
Depois as melodias e os pares de lágrimas que escorrem do par de Olhos e vertem-se as dores, num abandono, num gemido em silêncio, numa falta incompreendida, numa saudade que mata...

Só umas gotas...
Só muitas lágrimas...
Só o rosto coberto de melodias desavindas e o coração arrancado do peito de proposito.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Lágrimas por mim choradas...




... e nada restaria dos meus passos senao a breve e ligeira plenitude do sentir-te em mim. Sempre!

Lágrima de Sangue



Chorai, chorai homens e mulheres de coração vazio.
Chorai as minhas lágrimas frias e o cansaço dos dias,
chorai os meus desamores,
os perdidos pudores que quebram os meus vidros,
chorai, oh por Deus chorai, acompanhem a
minha dor nesta melodia...

Bailam as lágrimas


Batem devagar sobre a minha alma, formam melodias singulares com tons de desespero. Começam calmas para terminar tumultuosas, caem como gotas de orvalho nas madrugadas, chuva miudinha nos dias de Outono. Ás vezes chegam cautelosas, de mansinho, para quebrar o ritmo da face mas depois tornam-se violentas, despertas para esse espaço súbtil preenchido pelo sofrimento. Caem silenciosas às vezes, mas os gritos da alma não se podem conter quando elas já se amontoam nessas danças tão puras como sofridas.
Ás vezes cobrem o rosto para se esconderem depois nos cantos da boca, salgadas como as águas do mar, tão cheias, tão cheias de tudo que depois de as soltar fico-me vazia.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Sangro a Dor


"Se ao menos esta dor servisse
se ela batesse nas paredes
abrisse portas
falasse
se ela cantasse e despenteasse os cabelos"

Estou acordada à mais de duas horas, sinto no peito a rebentar uma dor maior que me fecha os poros da pele e quase me sufoca a garganta, levanto-me devagar, perco o norte, agarro-me à cabeça e começo a caminhar até à casa de banho. Dói-me o sangue nas veias, corre em alvoroço, sinto as mãos tremerem-me e a cabeça latejar, pego na lâmina e corto-me pela primeira vez, corto-me a pele do braço esquerdo, antes despido agora vestido de sangue, vermelho tão vivo como é viva a tristeza que o enaltece. Arrastando os pés vou até ao quarto sangrando, vejo o sangue correr-me pelo braço e deixo-o correr, gosto de ver assim o meu sangue a sair-me do corpo, sentir a dor a aliviar. Tapo as ferias com uma ligadura e deito-me de novo, amanhã é um novo dia.

"se ao menos esta dor visse
se ela saltasse fora da garganta
como um grito
caísse da janela fizesse barulho
morresse"

Está calor, o sol rasga a janela e poisa nas minhas pestanas, acordo devagar, no calor da manhã adormeço as lembranças que não tenho, a recordação do que foi e não quero lembrar, visto uma camisola de manga comprida para tapar a ligadura, não quero que ninguém veja. Encosto a cabeça ao espelho da casa de banho e deixo-me chorar baixinho, queria gritar mas o silêncio da casa, as paredes mudas, fazem-me cair no chão encostada ao lavatório, agarro os joelhos e choro até a minha mãe me chamar para o pequeno almoço.

"se a dor fosse um pedaço de pão duro
que a gente pudesse engolir com força
depois cuspir saliva fora
sujar a saliva fora
sujar a rua os carros o espaço o outro
esse outro escuro que passa indiferente
e que não sofre e tem o direito de não sofrer "

De face lavada desponto-lhe um sorriso e sento-me na mesa, não tenho fome, não quero comer nada, a minha mãe prepara-me o pequeno-almoço e vai para o quarto mudar-se de roupa, enquanto isso despejo o café na banca da louça e deito o pão ao lixo, levanto-me e pegando na mochila já despeço-me da casa.
Entro no autocarro, os amigos que não tenho conversam e riem, eu sento-me a um canto no fundo do autocarro e deixo-me ficar, vejo a paisagem passar à minha frente à velocidade estonteante de um ou dois pestanejares, pestanejo tudo e muito e deixo-me ficar. Já todos saíram do autocarro e eu ainda aqui estou, à quem me julgue anormal, às vezes chamam-me maluca, gosto apenas de ver o autocarro vazio como a minha alma e chorar um pouco sem ninguém ver.

"se a dor fosse só a carne do dedo
que se esfrega na parede de pedra
para doer visível
doer penalizante
doer com lágrimas
se menos essa dor sangrasse..."

As aulas da manhã não foram grande coisa, no intervalo ainda tive tempo de fazer mais um corte no meu braço, dói agora, arde-me tanto mas nunca conseguirei comparar esta dor que sinto agora à dor que reina na minha alma e me quebra a verdade, me destrói a firmeza e me deixa assim tão frágil. Quando me corto a vida passa sobre mim em forma de imagens, de gritos, de odores, de receios e medos, quando me corto não há quem me ajude e o silêncio mouco das palavras mudas que me não dizem fazem com que me apeteça cada vez mais cortar-me e esconder-me destes que me não entendem.
Curvada sobre o rio penso a vida, destapo as feridas e enquanto as vejo choro, este desejo imenso de não as ter feito sempre menor ao desejo absurdo de as ter sempre. Repenso a vida que deixou de fazer sentido, não entendo porquê, isso é importante? É importante eu entender? Apenas sei que sofro, que me dói tanto, que me é impossível calar este sofrimento por mais que tente.