quinta-feira, 19 de julho de 2007

Um último cigarro


Acendo um último cigarro de mansinho, acendo um último e fumo-o pausadamente como se esperasse que a dor que me cai dos olhos não balançasse tanto como a legítima defesa. Choro tanto e falo tão pouco, deixo que os silêncios antecedam as palavras e que os mistérios dos enigmas de olhares e toques enfrentem a cobardia dos mal intencionado e refinados, premeditados, gestos. Choro tudo o resto como se fosse pouco e é tanto que me cobre a alma de lágrimas e nem nas passas que dou no último cigarro sinto o sabor doce da vitória, só o amargo fel da derrota antecipada e um gemido silencioso que ecoa sobre os espaços em volta.
Choro... Fumo o sofrimento devagar enquanto a dor me come por dentro, espero a inglória morte e a sarcástica saudade já me ocupa os sentidos e os arredores dos mesmos.

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