sexta-feira, 27 de julho de 2007

Em Queda Livre

Eu tentei esvaziar o sangue que me circula nas veias, tentei abrir buracos tão profundos que nem o céu fosse o limite nem a terra fosse o ponto de partida. Os tambores já batiam fortes anunciando a boa-nova, os sinos tocavam as notas de um suicídio premeditado e nunca quebradiço. Tu esperavas deliciado que ao som do pecado o meu corpo caísse e num canto, vagaroso como só tu sabes, assobiaste a derrota antes de me deixares pestanejar e viste os meus olhos pararem e os meus joelhos baterem velozmente contra o chão, depois esperaste mais um pouco e sentiste na boca o sabor doce da vitória enquanto eu já me gastava na frieza desse chão e do corpo nu de esperança.
Uma morte assim pausada, caindo devagar com o amanhecer, a morte assim sonhada, premeditada na tua cabeça. Tudo estava a correr como tu querias, eu jamais me ergueria e tu jamais sairias desse canto tão longínquo que te encolhia nos rebordos da minha alma redonda.
Lembrança...

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